A ditadura da mídia - Antônio Xaolin*

e organizarem, o povo vencerá." (Oscar Niemeyer)
Não bastasse os escravos serem perseguidos e mortos, tinham que lhes tirar a pele. Não bastasse que as mulheres não tivessem direitos, tinham que lhes explorar até a exaustão. Não bastasse que os trabalhadores produzissem, tinham que lhes arrancar o suor. Não basta criminalizar a favela, tem que lhes tirar a democracia.
A jovem democracia nasceu das lutas do movimento estudantil, do movimento operário/sindical e do movimento social. Esses movimentos sempre foram criminalizados pela elite e burguesia brasileiras. Quando começa surgir o movimento popular a partir da favela, mesmo na lógica eleitoral burguesa, já não basta criminalizar este movimento, empurrando-o para o gueto, onde seus líderes também são criminalizados.
Os Lulas, os Stédiles, os Josés Rainha e os Vladimirs. Os Joãos Amazonas, Os Ulisses e os Zumbis. Todos foram perseguidos pela elite burguesa que não quer dividir seus privilégios. Agora é a vez de tirar da favela o direito de eleger seu representante escolhido democraticamente em assembléia de moradores para ser o candidato da Rocinha no pleito eleitoral vigente.
Desta forma expressamos nosso repúdio e nossa indignação contra a grande mídia hegemônica que criminaliza a favela, seus moradores e líderes. Repudiamos também aqueles que comparecem à Rocinha somente no período eleitoral em busca de apoio para se elegerem.
A liberdade abriu as asas sobre nós e o direito constitucional a livre escolha/livre arbítrio e de "caminhar sem lenço e sem documento" nos tornou cidadãos integrados à cidade, e vimos no direito, após dois anos de debates, escolher democraticamente em assembléia popular um líder que representasse a Rocinha no pleito eleitoral de 2008. E entre sete postulantes, a assembléia dos moradores indicou aquele de maior consistência eleitoral na atualidade.
Viva a democracia, viva a liberdade de escolha.

* Educador - Curso na UFF
Mediador em Resolução Pacífica de Conflitos -Curso na Senasp